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LENÇOL FRAGMENTADO

Parceria com Fernando P. Ferreira

Bordado sobre lençol

186 x 210 cm

2021

Desenhado por Fernando P. Ferreira

Bordado por Toni de Faria Machado; ex-operárias da Coelima (F., R.M., M., E., I., S.G.), Fernando P. Ferreira e Sara Ferreira

Apoio de R.M., Toni de Faria Machado, Associação Vida a Cores

Exposto em Fábrica de Histórias - Encontrar, Texere e Confabular 100 anos da Coelima, no CAAA - Centro para os Assuntos da Arte e Arquitetura, Guimarães

"Numa fábrica fragmentada, vendida às partes, quais as histórias que revelam a sua verdadeira fronteira material e imaterial, laboral e emocional?
Consegues imaginar um futuro sem fronterias na fábrica?
Utopia ética, distopia?
O que promovem as atuais fronteiras da fábrica?
Um projeto de capital automático ou humano, de produção ou de não produção?
E se a portaria da fábrica, ponto de entrada e saída, de registo e controlo, fosse um lugar de não produção?"

O Lençol Fragmentado é um artefacto e uma personagem de uma história que investiga de que modo a ação de bordar e desbordar coletivamente os movimentos laborais de operárias(os) e ex-operárias(os) da Coelima se pode tornar numa agência crítica para narrar e mapear histórias de fronteira experienciadas na fábrica. Aqui, o Lençol Fragmentado, peça de enxoval doada por uma ex-operária e produzido na Coelima, serve de artefacto crítico para repensar formas de debater e tornar visível questões sobre liberdade e constrangimento de movimentos dentro da fábrica, assim como limites criados por sistemas invisíveis ou pré-estabelecidos de monitorização laboral. O ato de bordar serve para mapear os movimentos espaciais de operárias e ex-operárias entre casa-fábrica, demonstrando que hierarquias laborais distintas provocam fronteiras desiguais entre operárias no acesso a diferentes setores de produção. Se a fábrica é aqui vista, acedida, vivenciada subjetivamente e posicionada de acordo com circunstâncias de poder, como se poderá e deverá representá-la? O ato aberto e inacabado de desbordar ou alagar partes da fábrica desconhecidas, não acedidas ou não percetíveis no imaginário de certas hierarquias ou posições laborais, desafia atos de mapeamento arquitetónico fixos e deterministas. Propõe, ao invés, uma outra forma de evocar perceções imaginárias seguindo um processo que é aberto, inacabado e coletivo e que simultaneamente mapeia, narra e renegoceia os modos díspares segundo os quais a fábrica é ainda hoje vivida e acedida. Prescrevem-se, talvez, evidências críticas para uma história de perceção futura, na qual a própria Coelima possa reaparecer no acesso do corpo individual, na visão intersubjetiva e na memória coletiva.

Fernando P. Ferreira, 2021

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